Aqui há pouco tempo veio parar-me às mãos (obrigada, mãe!) uma colcha que foi da minha avó. Muito simples, monocromática. Linda. Tem em cada fio da trama, em cada fio da urdidura e em cada nó da franja um charme que me prende e transporta ao início. Ao início do meu universo afectivo, portanto, ao meu início. A minha colcha é uma sobrevivente do tempo. Poderoso, esse apelo. E é esse poder que ela exerce sobre mim. Está agora disposta sobre a minha cama e, quando me deito, aquele horizonte cor de canário ganha as formas do meu corpo. É esta a última imagem que vejo antes de fechar os olhos e adormecer, e pelo tempo de uma noite eu também sou como ela: simples, monocromática, mas única em cada traço meu.
...Quanto dura uma noite? Depende, às vezes dura uma vida inteira.
...Quanto dura uma noite? Depende, às vezes dura uma vida inteira.
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