março 01, 2006

"Pelo Alto Alentejo"


Meto butes à inteira planura.
Esboroa-se a terra.
Lá para trás,
Sobraram o paleio e a literatura.
Aqui, na aparência, só a paz.
Mas que paz se desdobra a toda a anchura
Do horizonte a que o olhar se faz?
Esta página em branco (ou sem leitura)
Não terá uma chave por detrás?

Eu sei ler a cidade, mas, aqui,
Sou um dedo parado em letra morta.
Uma guerra haverá, com o álibi
Da paisagem que a outras me transporta.


Hei-de voltar pra ler e presumir,
Quando Alentejo se puser a rir…

Alexandre O'Neill
(Fotos A.I.M.; manip. B.)

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